Sempre tive uma paixão
secreta por Lisboa. Em tempos ansiei habitá-la. Tive essa ânsia de capital, de
ser parte dessa massa de gente que se atropela rua fora, sem entender muito bem
que motivos se escondiam nesse desejo. Hoje enquanto a calcava e a olhava pelos
vidros do carro, Lisboa pareceu-me gasta. Talvez esteja, à semelhança de tantas
outras capitais deste mundo. Talvez seja a ausência de sol que não lhe é
própria.
Gosto-lhe, confesso. Ser
grande dá-lhe caracter, enche-a de personalidade. Sinto, porém, falta disso que
chamam de 'gentes', do calor que as pessoas do Porto emanam naturalmente. Sinto
falta, inclusive, dos palavrões atirados 'à boca cheia'. Já não basta esta luz
hipnótica de fim de dia.
Sou uma
mulher enamorada por Lisboa. Sinto-a sempre como se fosse uma dessas paixões
arrebatadoras que se querem saciar imediatamente. Mas deixo sempre o coração no
Porto. E aos grandes amores convém escapar-lhes de quando a quando, para
que sintam a acidez da ausência. Escapo-lhe para lhe sentir saudade, porque
voltar a um grande amor é sentir tudo como se fosse a primeira vez, sabendo
antecipadamente o quanto se gosta.
lindo.... tens as palavras que por vezes nos fogem...
ResponderEliminarmarisa silva