Moviamo-nos pelo desejo. Esse desejo que parece lume, que nos parece incendiar, que nos parece queimar a carne. Movias-te pelo desejo. Unicamente pelo desejo, pelo fervor do apelo do sexo. Eu, movida pelo desejo da paixão que se transformara já em amor prendi-te os lábios assim que me abriste a porta, deixando que me despisses à velocidade do teu comando. Com a tua mão presa aos seios a deslizar pela pele macia do meu corpo e a respiração entrecortada a abafar o silêncio aprisionado no quarto sentia o prazer explodir-te no peito.
Hoje dou-te mais. Dou-te uma outra mulher, que nunca se sentiu tão eu, que te sussurra ao ouvido o que sabe quereres ouvir, uma mulher que te engole a respiração. Hoje dou-te mais, porque este mais será o nada de mim para ti amanhã. Amanhã não estarei cá, nem no dia seguinte, nem no próximo. Saberás tu que esta é a última vez? Perceberás pela forma como te toco, como te olho, como te esmago contra mim que este é o fim, que não te procurarei mais, que não me voltarei a deitar nos teus lençóis encharcados de ti, do teu cheiro, que não me enroscarás nos teus braços pela noite dentro?
O tempo esgotou-se. E com o tempo esgotado esgotou-se a esperança de te saber apenas meu. Os homens deveriam saber ler-nos. Deveriam saber ler-nos sem necessidade de palavra proferida. Se ele me soubesse ler saberia que aquela seria a última vez. Se ele me soubesse ler saberia que eu não queria que aquele momento tivesse título de fim. Se ele me soubesse ler não me teria deixado sair daquele quarto.
Que bonito! Que maneira tão poética e eufemística de partir o coração a um homem...
ResponderEliminarTens de ter em atenção que o dela já havia sido partido... por ele.
ResponderEliminarobrigada pelo comentário :)