
Anseio ver-te infeliz nesse teu desejo de me ter para que te ofereça o peito arrancando-te a alma enquanto sorrio. Quero ter poder sobre ti, de ti, de te cortar o peito ao mesmo tempo que me quero prender nesses braços de homem, pôr a nu as tuas fraquezas enquanto faço uso desse teu corpo másculo. Quero esse amor oportunista que apenas retira e pouco ou nada dá, que não deixa marca, tece memórias leves e não pede retorno. Sim, quero ostentar-te a meu lado enquanto amante preso à sua paixão, fingindo amar-te, fazendo-te crer nesse fingimento absurdo de namoro tolo enquanto te abro suavemente uma ferida que te mostra os ossos. Alguém te a há-de lamber. Mas serão precisos meses. Sim, precisarás de meses, digo-te entre dentes com este sorriso cínico. Precisarás desse tempo que parece duplicar na sua demora até que te deixe de correr no sangue.
E rastejarás nessa tua masculinidade perdida, desejando voltar a este sofá. Quero que me ames, porque amando-me serás fraco, porque amando-me eu esquecer-te-ei, porque amando-me este sofá deixará de ser grande demais, porque amando-me sentir-me-ei livre na tua dor. Quero que me ames.
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