
Possuia os homens até à sua exaustão, até que o sangue quase lhe explodisse as artérias, até ao exacto momento em que o pensamento fosse abafado pelo deleite sexual. Adorava a sensação provocada pelos corpos extenuados, estendidos sobre os lençóis enquanto tentavam recuperar os níveis normais de ar nos pulmões. Assim despida a liberdade era tão abismal. E, no entanto, havia uma insatisfação, um vazio tão enorme que a consumia.
Pedem-lhe apenas que se dispa e abra as pernas, esquecendo que é o seu eu que ela gostaria de ver despido. Peça a peça, sem jogos de sedução à mistura. Apenas o simples prazer da descoberta. Mas esse é um jogo que exige tempo e num mundo de tempo escasso as jogadas são feitas sobre os lençóis.
Abandonara a aldeia ainda antes de cumprir os 18 anos, como que fugindo à inércia. Fascinava-a o trânsito caótico, as multidões, o stress diário provocado pelo movimento urbano. O seu corpo fora toldado para um mundo assim, portanto jamais regressou ao verde do campo. A beleza acompanhou-a, o sucesso também. Mas o amor pareceu negar-se a realizar essa jornada ou ter-se-á camuflado de forma perfeita num desses corpos que a habitou, simples visitante das horas vagas.
O gozo serviu-lhe de distracção até ao dia em que o prazer perdeu a pele de evasão/compensação que o cobria. E o seu mundo pareceu desmoronar-se como um simples baralho de cartas. Faltava-lhe o amor. Faltava-lhe a paixão nas camas onde se deixava despojar.
O vazio que toda mulher sentiu ou um dia sentirá retratado muito bem aqui.
ResponderEliminarbj,
Ju